Decisão foi
anunciada depois de denúncia de suborno feita por Meire Póza, que era contadora
do doleiro Alberto Yousseff.

O
depoimento de Meire Poza à Polícia Federal foi enviada nesta terça-feira (12)
pela Justiça Federal do Paraná ao Superior Tribunal de Justiça. O STJ é o
responsável por analisar denúncias envolvendo governadores.
E
também nesta terça (12), o Tribunal de Justiça do Maranhão suspendeu o
pagamento do precatório do governo estadual à Constran, com isso nenhuma
parcela poderá ser repassada pelo governo maranhense até que haja uma decisão
definitiva do Tribunal. A juíza Luiza Nepomucena alegou que a medida é
necessária para a garantia da proteção do patrimônio público e da moralidade
administrativa, e também pediu cópia, à Polícia Federal, das investigações
sobre o suposto acordo do precatório. A decisão foi tomada um dia depois da
reportagem do Jornal Nacional que mostrou o depoimento da contadora. Segundo
ela, a construtora Constran pediu que o doleiro Alberto Yousseff subornasse o
governo do Maranhão, oferecendo R$ 6 milhões. Em troca, a empresa furaria a
fila de pagamentos judiciais e receberia, antecipadamente, R$ 120 milhões em
precatórios. Ainda segundo a contadora, por ter negociado o acordo, Yousseff
receberia R$ 12 milhões.
Ela
também disse que o acordo teve a participação de pessoas da alta administração
do governo do Maranhão. Segundo o portal da transparência do Governo Estadual,
já foram liberados R$ 33 milhões desse precatório à Constran.
Em
nota, a empresa afirmou que celebrou, de forma transparente, um acordo com o
governo do Maranhão para receber por uma obra realizada em 1988. E que não
'furou a fila' dos precatórios. A Constran declarou ainda que não contratou
Youssef para fazer consultoria ou negociar esse precatório.
Mas
trocas de e-mails já reveladas em relatórios da Polícia Federal mostram o
diretor da UTC Walmir Pinheiro, empresa que controla a Constran, comemorando um
acerto com Youssef - que, segundo os investigadores, é apelidado de primo - e o
diretor Augusto Cesar Pinheiro, da Constran.
Walmir
diz: "Augusto e primo, parabéns pela concretização do acordo com o governo
do Maranhão. Sei perfeitamente o quanto foi duro fechar esta operação".
A
Constran foi questionada sobre o e-mail. Respondeu que não tem nada a
acrescentar.
Nesta
terça-feira, antes de saber da decisão da Justiça que suspendeu o pagamento do
precatório, a governador Roseana Sarney negou todas as acusações. E disse que
os pagamentos judiciais foram feitos de forma legal.
“Eu
estou indignada e revoltada com a inclusão do meu governo nesse processo. Nós
só fizemos o que a Justiça mandou e com a anuência do Ministério Público. E
decisão judicial a gente não discute, a gente cumpre”, afirma a governadora do
Maranhão Roseana Sarney.
As
declarações de Meire Poza sobre o esquema do doleiro com políticos e empresas
agora serão dadas no Congresso. Nesta quarta-feira (13), ela será ouvida no
Conselho de Ética da Câmara no processo que investiga a ligação do deputado
Luiz Argolo, do Solidariedade da Bahia, com Alberto Yousseff.
No
depoimento prestado à Polícia Federal, a contadora Meire Póza afirmou que a
procuradora-geral do Maranhão, Helena Maria Cavalcanti Haickel, o então chefe
da Casa Civil, João Guilherme de Abreu, e o secretário de planejamento do
Estado, João Bringél, participaram de uma reunião, em setembro do ano passado,
para combinar detalhes da liberação de pagamentos judiciais.
Em
notas, enviadas nesta terça-feira (12) ao Jornal Nacional, os três citados pela
contadora declararam que não tiveram conhecimento, nem participaram de qualquer
ato ilícito.
Fonte: Jornal Nacional
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